Superstição vira desconto: 13º andar se valoriza no mercado imobiliário de Goiânia
Em Goiânia, apartamentos situados no 13º andar vinham sofrendo com rejeição de compradores — até que as construtoras e corretores decidiram usar a superstição e o contexto local a seu favor.
O que antes era visto como desvalorização virou argumento de venda, tornando o processo de compra mais ágil e o processo de venda mais rentável.

Porque o 13º andar era um “bom problema” no mercado de luxo
Segundo relatos da corretora de imóveis de luxo Ludmila Balduino, cada vez que ela apresenta a um cliente um apartamento no 13º andar, a reação é sempre negativa.
“Todas as vezes, sem exceção, que eu vou atender e o andar do apartamento é o 13º, eu já aperto e fico esperando a reação do cliente”, contou ela.
A resistência não estaria ligada a aspectos técnicos ou de segurança, mas a fatores culturais — superstições e, sobretudo, à associação do número 13 ao Partido dos Trabalhadores (PT), cujo número de urna também é 13.
Para muitos compradores da capital goiana, essa era razão suficiente para descartar o imóvel.
O que mudou — e por que vender 13º andar agora faz sentido
Recentemente, construtoras e corretores perceberam que o receio ao número 13 pode ser convertido em argumento de barganha.
Imóveis “mal-vistos” passam a ter preços mais agressivos e atraem compradores dispostos a abrir mão da superstição em troca de vantagem financeiras.
Além disso, com o mercado imobiliário de luxo em alta na cidade — impulsionado pelo crescimento econômico de Goiás e pela demanda por moradias confortáveis — há maior disposição dos interessados em negociar.
Para quem não se importa com numerologia — ou com preferências eleitorais —, comprar um apartamento no 13º andar pode significar acesso a um imóvel de alto padrão por preço mais competitivo.
Suposições culturais, políticas e o reflexo no mercado imobiliário
O fenômeno em Goiânia não é uma simples superstição individual: ele está inserido num contexto sociocultural mais amplo. A rejeição ao número 13 reflete o perfil político conservador de parte do eleitorado local.
Pesquisa do Instituto Quaest aponta que Goiás é o segundo estado com maior proporção de eleitores “de direita”, o que contribui para a resistência simbólica ao número 13.
Curiosamente, essa não é uma particularidade apenas do Brasil. Em países como os Estados Unidos, muitos prédios omitem o 13º andar — saltando do 12º para o 14º — por superstição ou receio do “azar”.
Oportunidade para compradores e atenção para vendedores
Para compradores dispostos a ignorar tabus, o 13º andar em Goiânia passou a representar uma oportunidade de negócio vantajoso — especialmente em imóveis de luxo, onde a pressão por venda e o valor podem ser mais altos.
Já para construtoras e corretores, o desafio exige sensibilidade: é preciso conhecer o perfil dos clientes e ajustar a estratégia de vendas — preços, comunicação, negociação — para transformar o preconceito simbólico em vantagem competitiva.